Ofício Divino

                                               OPUS DEI

A GRANDE OBRA BENEDITINA

 

O Ofício Divino é uma das características mais significativas da vida dos mosteiros. Na Regra aos Monges, São Bento utiliza a seguinte expressão: Opus Dei (Obra de Deus). É, por assim dizer, um dos muitos aspectos fundamentais tratados pelo Santo Patriarca, como elemento naturalmente precioso da vida monástica. Opus Dei significa a oração litúrgica, originalmente concretizada nesta frase “nihil operi Deis præponatur” – nada antepor ao ofício Divino (RB 43, 1). A estrutura do Ofício Divino permite que a monja utilize esta oração da Igreja como louvor a Deus na pessoa de Jesus Cristo que nos salvou. Tal como Moisés, que reza diante de Deus (Ex 32-33), somos figuras entre o céu e a terra, pertencemos a ambos, ao Deus do Céu e à terra. Queremos a salvação da nossa humanidade, transportamos tudo isso para a nossa oração, porque nela está o Messias, Jesus Cristo, que redimiu a nossa realidade. Os nossos momentos litúrgicos nos permitem louvar e escutar a Deus, são presença orante de Cristo na realidade da Igreja, que ajuda e ensina o homem a rezar.

A perfeição da monja está na obra de Deus em si própria; assim sendo, o fim último da monja é a contemplação de Deus. Mas para que isso aconteça devemos ser mulheres de oração.

A espiritualidade da monja, mulher da palavra, deve-se sobretudo ao uso dos salmos como sua oração predileta. Através dos salmos, podemos dialogar com Deus. A função da oração será sempre um cultivo onde, no campo do coração de cada uma, Deus faz brotar colheitas abundantes.

Dizemos e chamamos Liturgia das Horas a esta forma de rezar estruturada principalmente pelos salmos da Sagrada Escritura. Nesta Liturgia, ao terminarmos cada salmo repetimos a invocação à Santíssima Trindade porque, desta maneira, aprova toda a nossa oração, inserindo-nos na eternidade do Pai que é amor, do Filho, que é salvação e no Espírito Santo, fonte de toda a sabedoria. É também consciência de que Ele está presente, pois assim a característica da nossa adoração complementa-se nesta função salvífica da Trindade, e que repetimos profundamente em ação de graças. Porque, quem reza os salmos sabe que a história se repete: a fé de Abraão, de Moisés, do rei Davi. Repetimos este selo de infinidade.

Ao colocarmos os salmos em nossos lábios, fazemos com que Deus venha à nossa realidade, ao interior de cada coração. Portanto, no Opus Dei, a monja alcança uma realização da antecipação da união com Deus, porque une a divina liturgia à vida cotidiana dos homens, intercedendo por eles, participando das primícias dos louvores eternos da Jerusalém celeste.

Compreender esta forma de orar, com a Sagrada Escritura, nesta escuta atenta dos salmos, poemas e cânticos compostos há muito tempo por pessoas como nós, entendemos a espiritualidade do Opus Dei num contínuo escutar e orar, pois nestas duas santas atividades, a espiritualidade da oração beneditina encontra sua harmonia.

O louvor Divino é, pois, a forma pela qual a Igreja reza e adora a Deus por meio de Jesus Cristo, que é o salvador de toda a humanidade. Quando celebramos a liturgia somos convidadas a viver em amor e união. A confiança nesta dinâmica do Opus Dei de São Bento, com a nossa consagração monástica, torna-se, por assim dizer, verdadeira Obra de Deus, por excelência, no mundo.