Oração Contínua

Vida de oração pessoal

“É somente na contemplação de Jesus Cristo que se colhe o rosto da misericórdia do Pai”, nos diz o Papa Francisco, e, por isso, “a vida monástica constitui o caminho por excelência para fazer tal experiência contemplativa e traduzi-la em testemunho pessoal e comunitário”.

O Senhor não nos pede que oremos apenas com as irmãs. Ele espera que saibamos permanecer sozinhas em sua Presença e na Presença de seu Pai. É a oração “em segredo” da qual ele nos fala no Evangelho. Esta é, portanto, uma outra base da vocação de uma monja: sua vida de oração pessoal; vida esta que deve ser de profunda intimidade com seu Senhor, o Esposo de sua alma.

A monja é aquela que é chamada a estar a sós com Deus, mesmo em meio ao cenóbio, e esta vida de oração é essencialmente parte de sua vocação.

Jesus nos convida a orar sem cessar. Portanto, a monja não deixa sua oração quando termina a salmodia ou as horas de solidão diante de Deus. Diziam nossos Pais que “aquele que ora só nos momentos da oração, ainda não sabe orar”.

Nunca poderíamos, por nós mesmas, nos manter continuamente atentas a Deus. Mas o Espírito do Senhor habita em nós. Ele não dorme, nem cochila, diz o Salmo. Ele só nos pede que nos lembremos de sua presença.

A voz do Espírito nem sempre é aquela que brada com maior força. Deus não se impõe. Ele não fala na tempestade, nem no tremor de terra ou no fogo, mas no sopro de uma brisa suave. Se abrirmos sempre o nosso coração a esse sopro do Espírito, se formos dóceis ao que ele nos pede, alcançaremos o diálogo contínuo com Deus.

 

A Oração de Jesus: a mais importante oração da tradição

Uma das mais simples orações da Tradição Ortodoxa, uma oração de poucas palavras e tão antiga quanto os Evangelhos, ocupa um lugar destacado como a principal oração do Oriente Cristão: a Oração de Jesus, também conhecida como a Oração incessante do Coração.

Encontramos sua origem nos Evangelhos, em passagens como a da mulher Cananéia (Mt 15, 22), a dos cegos de Jericó (Mt 20, 30) e da oração do publicano (Lc 18, 13). Em todas estas passagens, encontramos a petição sincera por misericórdia, dirigida direta e confiantemente a Deus, tanto na Pessoa do Pai quanto na do Filho. A Tradição reza que o cordão de oração vem das mãos de São Pacômio, no século III. São Pacômio decidiu, fazer então um cordão com nós para contar as orações. Como o demônio desatava os nós que o Santo fazia, o anjo Gabriel lhe ensinou um nó formado por sete cruzes intercaladas, o qual o demônio não conseguiria desatar.

O cordão tem a cor negra. Ele é negro porque simboliza luto e escuridão, os quais a humanidade experimenta por causa de seus pecados. Lembra que nossos pecados perante Deus nos afastam da Luz Verdadeira e somente através do verdadeiro arrependimento e da oração constante nos reconciliamos com o Pai.

A oração é dirigida ao Cordeiro de Deus, imolado voluntariamente por nós, levando sobre si todos os nossos pecados e purificando-nos com Sua Misericórdia. Recorda-nos também que somos ovelhas guiadas pelo Bom Pastor, que não demora em deixar todo rebanho para recuperar uma única ovelha que se perde; Ele é atraído pelo balido desesperado da ovelha desgarrada, que é a oração.

Os separadores colocados entre cada conjunto de nós recordam-nos o louvor necessário à Virgem Mãe de Deus, Mãe dessa pequena célula da Igreja que é o nosso mosteiro.