VIDA DO GLORIOSO PATRIARCA
BENTO DE NÚRCIA
São Bento, que a Igreja celebra a 11 de julho, é comemorado também a 21 de março, dia de sua morte, por seus filhos e filhas, monjas, monges e oblatos. Nascido em 480, no tempo ainda do Império Romano, que já ia chegando a seu fim. Seus pais mandaram-no para Roma, para que lá fizesse os estudos, tendo apenas por companhia uma ama.
O jovem estudante, temendo o ambiente da capital do mundo e tocado pela graça de Deus, consegue convencer a ama de se refugiarem numa pequena cidade – a cidade de Enfide – onde poderá entregar-se mais intensamente à meditação e à oração, abandonando o estudo das letras e os prazeres do mundo. Certo dia, a ama de Bento pede uma vasilha emprestada a uma vizinha. Bento, ao entrar em casa, encontra a ama chorando: a vasilha caíra no chão e quebrara. Condoído da aflição da mulher, Bento toma os dois pedaços do vaso, junta-os um ao outro, e põe-se a rezar. Daí a pouco, entrega à ama a vasilha inteira e perfeita. Causou-se um alvoroço naquela pequena cidade. Bento então resolve partir daquele lugar em que o tomavam por santo, e onde estava exposto a uma tentação maior que em Roma: a tentação do orgulho. Agora, porém, parte sozinho, às escondidas, sem levar a ama.
O jovem dirige-se a uma gruta inacessível, que tinha por baixo um lago (Subiaco), e onde começa a viver como eremita. Vive só, inteiramente só, sob o olhar de Deus. Apenas um outro monge, chamado Romano, leva-lhe de vez em quando uma parca refeição que faz descer, até onde Bento se encontra, por um cesto amarrado a uma corda. Chega o dia em que Bento é encontrado pelos pastores da região e outros solitários que vivem por perto. Estes conseguem que Bento deixe a gruta e vá viver com eles, servindo-lhes de Abade. Logo, porém, se arrependem do convite, pois Bento quer leva-los pelo caminho da perfeição, que muitos na realidade não queriam trilhar. Resolvem então envenená-lo; mas quando Bento abençoa a bebida que lhe apresentam, o cálice se parte em pedaços. O homem de Deus compreende tudo e resolve deixar aqueles que não mais o queriam como pai.
É então que a Providência o conduz à montanha que ele vai tornar célebre para sempre para sempre – a montanha de Monte Cassino. Bento funda aí um mosteiro. Constrói para os monges uma casa de pedra, sólida e estável. Escreve para eles uma Regra, onde está determinada a organização da comunidade, as obrigações de cada um, a finalidade da mesma, etc. bento, que começa como eremita e solitário, torna-se pai e legislador dos cenobitas, isto é, daqueles que querem viver em comum, na oração e no trabalho. Bento conhecera de perto as dificuldades e os perigos da vida na solidão, tão contrária à natureza social do homem e a que só pessoas extraordinárias poderiam aspirar, mas que seria para outros uma cilada.
Bento escreve então sua Regra, tão cheia de equilíbrio, onde até os mais fracos podem aspirar à perfeição. O monge deverá ser apenas um cristão que vive o Batismo em plenitude, comprometendo-se a seguir não somente os preceitos ou mandamentos, mas também os conselhos do Evangelho.
A princípio, parece que Bento tinha em vista só aqueles monges que estavam ao seu redor, na comunidade de Monte Cassino. Mas, mesmo quando deu à sua Regra um caráter mais geral, para que pudesse ser seguida por outros grupos, esses novos grupos foram autônomos e tiveram seus próprios abades, formando uma nova família.
Os monges não tinham, a rigor, um trabalho determinado, embora o mais comum naquela época fosse a cultura dos campos, sempre acompanhada também da cultura dos espíritos, pois as escolas foram surgindo com os mosteiros. São Bento pretendeu, pois, formar grupos de cristãos que trabalhassem e rezassem. Foi de São Bento e do Monte Cassino, da Regra escrita ali e ali vivida, que nasceu todo o movimento monástico ou religioso da Europa e da América, a ponto de São Bento merecer o título que lhe foi dado pela Igreja de Patriarca, isto é, Pai dos monges do Ocidente. E do Beato Paulo VI tê-lo declarado Padroeiro de toda a Europa.
São Bento morreu em Monte Cassino, de pé, rezando, enquanto os monges o sustinham naquela posição, que era a tradicional da oração antiga, por lembrar a Ressurreição. Sepultaram-no no mesmo túmulo em que jazia sua irmã Escolástica, que adotara a mesma Regra de São Bento para as monjas que reunira em torno dela.
São Bento é também padroeiro da Boa Morte.